(FreePik)
Em tempos de redes sociais onipresentes, uma nova figura ganhou protagonismo: os autoproclamados "gurus do sucesso". Eles são o produto de uma sociedade que prioriza resultados rápidos, vendendo a ideia de que é possível atingir o ápice profissional sem necessidade de formação acadêmica. A internet, com suas infinitas possibilidades de aprendizagem, poderia ser um espaço para o crescimento intelectual. Todavia, o que se observa é a proliferação de conteúdos superficiais que prometem soluções milagrosas.
O problema central está na ilusão vendida: o “sucesso instantâneo”. Muitos desses influenciadores se apresentam como especialistas autodidatas, desvalorizando a importância do conhecimento acadêmico estruturado. A promessa de que basta um curso on-line e algumas “técnicas secretas” para transformar vidas é sedutora, mas perigosa. Isso cria uma mentalidade que despreza o mérito conquistado pelo estudo rigoroso e pelo desenvolvimento de competências através da educação formal.
O progresso profissional raramente acontece sem dedicação. A crença de que é possível driblar o aprofundamento teórico é uma ilusão. Muitos desses “treinamentos” vendem ideias simplistas e comportamentos estereotipados como chaves para o sucesso. O que constrói uma carreira consolidada são o compromisso com o aprendizado contínuo, a disciplina intelectual e o cultivo de habilidades críticas, algo que não se adquire da noite para o dia.
Além disso, há uma questão ética subjacente: o lucro fácil às custas da esperança alheia. Muitos desses “mentores” estão mais preocupados em vender um estilo de vida do que em promover o desenvolvimento real de seus seguidores. Isso distorce o verdadeiro papel de um orientador, que deveria ser um agente de inspiração e apoio fundamentado em conhecimento e experiência comprovada.
Como professor universitário, tenho o compromisso de mostrar aos meus alunos que o desenvolvimento pessoal é uma jornada complexa. Não se trata de um processo simples, mas da construção de uma vida dedicada à evolução contínua. A velocidade com que as informações circulam cria a ilusão de que o conhecimento também pode ser instantâneo, quando, na verdade, ele é fruto de um processo cumulativo.
Em vez de buscar atalhos, é preciso valorizar a educação formal como base para qualquer conquista. O estudo acadêmico não é apenas um acúmulo de informações, mas um processo de formação do pensamento crítico, da capacidade analítica e da compreensão complexa da realidade. Honestidade intelectual, transparência e integridade devem ser as verdadeiras marcas de um mentor.
Portanto, é essencial adotar uma postura crítica diante das promessas fáceis. O caminho para o crescimento pessoal e profissional passa pelo investimento em educação de qualidade, pelo trabalho disciplinado e pela busca por conhecimento sólido. O verdadeiro mentor não é aquele que oferece atalhos, mas aquele que orienta com base em experiência real e compromisso com o aprendizado autêntico.