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De onde vieram?

Após ratos, baratas e raias, moluscos mortos infestam areia de praia do litoral de São Paulo

Uma turista registrou a cena, que chamou atenção; animais têm sido registrados em praias da região nos últimos meses

ATribuna.com.br

27 de fevereiro de 2025 às 07:45Modificado em 27 de fevereiro de 2025 às 07:56
Segundo a turista, os moluscos aparentavam estar mortos (Arquivo Pessoal)

Segundo a turista, os moluscos aparentavam estar mortos (Arquivo Pessoal)

Diversas conchas de moluscos foram encontradas espalhadas pela faixa de areia na praia de Ilha Comprida, no litoral de São Paulo. Uma turista registrou as imagens no fim de semana e apontou que o fenômeno já era observado anos atrás.

A mulher, que não quis ser identificada, acredita que a situação pode ser, possivelmente, o caminho para a extinção da espécie. Ela ainda pontuou que observa que os fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) passam diariamente pelo local e, segundo ela, “parece que não dão importância. Ficam mais preocupados com a pesca”.

O biólogo Ricardo Samelo explica que os animais nas fotos registradas pela turista são moluscos, tanto bivalves quanto gastrópodes, e aparentemente estão mortos, ou seja, apenas suas conchas estão espalhadas pela faixa de areia.

“É comum encontrar conchas com frequência e abundância em algumas praias, isso se deve ao fato de que marés e ondas mexem com o leito de areia, retirando a areia fina e expondo sedimentos mais pesados como as conchas”.

Dependendo da intensidade das ondas e dos movimentos das correntes, algumas conchas que estão em maiores profundidades também podem ser deslocadas até a faixa de areia, onde ficam expostas. É um fenômeno natural e previsível, especialmente quando o mar está em ressaca, conforme destaca o biólogo.

Extinção
Samelo afirma que falar que a espécie está em extinção apenas pelo fato de encontrar conchas na praia é um julgamento prematuro. Para chegar a essa conclusão, são necessários muitos estudos, tempo de pesquisa e avaliação detalhada de cada espécie encontrada.

“Apesar da crescente poluição, aquecimento e acidificação dos oceanos causarem transtornos severos aos ecossistemas marinhos, não temos como saber se estes exemplares da foto de fato estão sendo impactados de tal forma a ponto de levá-los a extinção.”

Algo que o biólogo considera importante destacar é o fato de que muitas pessoas, ao se depararem com conchas na praia, desejam levá-las para casa como lembrança, souvenir ou enfeite. Ele salienta que é fundamental alertar a população de que algumas conchas (moluscos), que têm como habitat a faixa de areia próxima ao mar, ainda estão vivas, e retirá-las desse ambiente é uma sentença de morte, pois não sobrevivem fora dele.

Mesmo que os moluscos já estejam mortos, como os que aparecem na foto, onde apenas suas conchas estão presentes, elas continuam sendo importantes para o ecossistema marinho, pois fazem parte ativa desses ecossistemas, mesmo após a morte.

“Conchas contribuem para a formação do sedimento marinho, são abrigo para alguns animais, e após decompostas devolvem ao oceano o cálcio presente em sua estrutura. Estes organismos possuem o carbonato de cálcio como principal componente de suas conchas e, ao decompor no ambiente, este cálcio fica disponível para mais animais marinhos formarem suas estruturas, principalmente outros moluscos que possuem conchas e corais, que possuem 'esqueleto' composto de carbonato de cálcio”, concluiu.

Ibama
Segundo informou, em nota, a unidade técnica com jurisdição na região não foi notificada e nem tem realizado inspeções no local. Podem ter confundido com a fiscalização de outra instituição. Em relação à extinção do espécime, não há dados relativos aos moluscos.

Praias do litoral de São Paulo
O surgimento de ratos, baratas e até raias em praias do litoral paulista tem chamado atenção nos últimos meses. Em Praia Grande, houve registros de baratas e ratos nos meses de janeiro e fevereiro, respectivamente.

Nesta semana, a Praia do Itararé, em São Vicente, presenciou uma cena incomum: mais de 100 raias foram encontradas mortas na faixa de areia. Elas foram recolhidas pelo Instituto Gremar e levadas a um aterro pela Secretaria de Serviços Públicos (Sesp). O caso ganhou repercussão nacional.

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